Assisti ontem (03/05) o encontro virtual que debateu a Lei Emergencial para a Cultura, no âmbito federal, que visa criar condições de sobrevivência para trabalhadores culturais e dar sustentação aos espaços culturais durante a pandemia. Entre os relatos, alguns secretários estaduais e municipais elencaram medidas que já estão em realização para dar conta de conter a dramática situação econômica do segmento cultural.
Ou seja, quando há vontade política é possível sim para órgãos municipais e estaduais cumprirem seu papel social de salvaguardar postos de trabalho e apoiar a continuidade de processos culturais não abarcados pelo mercado.
Porém, Campinas segue na contramão dessas políticas. Cidade que é uma das maiores do Brasil, com uma história cultural reconhecida e celebrada em todos os setores da diversidade cultural, e que também tem um movimento social de cultura organizado e atuante em coletivos, agrupamentos, associações e um Fórum Municipal de Cultura, que tem procurado abarcar e representar essa diversidade.
Contudo, a cultura do abandono não é de agora, desde o início do governo Jonas que a cultura aqui está a míngua. A especialidade da Secretaria de Cultural aqui vem sendo promover factóides, dissimulações e engavetar a lei do Conselho Municipal.
Desde que os ataques mais violentos começaram, pós Golpe de 2016, vários coletivos vêm realizando tentativas de incidir sobre os gestores públicos de cultura da gestão Jonas Donizette, com atuações que oscilam entre momentos de conciliação e outros de endurecimento nas críticas. Porém, sem declarar, até então, a total inoperância da Secretaria de Cultura em todas as suas atribuições e competências em prol da Cultura Viva.
A Secretaria de Cultura, enquanto gestora das ações culturais, está decrépita faz muito tempo. Mesmo assim, estava sendo mantida viva como uma interlocutora por parte do segmento cultural. Essa sobrevida, somada a outros ardis, foi usada pela gestão Jonas Donizette como fôlego para seguir com seu projeto de desmonte e ataques aos serviços públicos e dos trabalhadores da cultura.
Contudo, diante da gravidade da atual situação e da absoluta inoperância dos órgãos municipais – não só os de cultura – parece que o tempo de acreditar em parcerias e editais acabou, assim como a ilusão da conciliação com esse governo destruidor dos serviços públicos.
Que assim seja, pois declarar morta a Secretaria sob a gestão Jonas Donizete é necessário para fazer Viva a Cultura e lutarmos por um projeto de governo que não seja comprometido com a morte da Cultura.
Viva à Cultura.
SÔNIA APARECIDA FARDIN é Historiadora militante da cultura.