Ontem recebi uma ligação daqueles serviços de telemarketing me oferecendo algum produto.

No período da tarde desse mesmo dia, o governador de São Paulo João Dória, juntamente com o prefeito de São Paulo Bruno Covas, fez uma coletiva para imprensa anunciando as medidas de quarentena por 15 dias, colocando de quarentena todas as atividades não essenciais abrangendo os 645 municípios do estado de São Paulo, para enfrentar a pandemia a partir de terça-feira, dia 24 de março.

Essas medidas basicamente atingem os estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes e outros, porém, não fala nada sobre as outras diversas atividades econômicas, como grandes empresas, bancos, que não são serviços essenciais, que continuarão funcionando normalmente.
Com essas medidas João Dória passa uma imagem de republicano e estadista preocupado com a situação causada pela pandemia. A questão é que a referência que hoje temos é do presidente Bolsonaro que até o presente momento tem feito um verdadeiro desserviço ao combate a covid-19, dizendo que não precisa fechar igrejas, nem comércios e que o Coronavirus não passa de uma gripezinha.

Pois bem. Voltando ao que é hoje um aparente exemplo de estadista no combate a essa pandemia, João Dória, importa informar que ele é defensor da Emenda Constitucional 95 que reduziu recursos financeiros para a saúde pública. Desde o momento em que essa emenda assassina foi votada (final de 2016), o SUS perdeu em torno de 22 bilhões de recursos financeiros. Poderíamos refrescar a memória do governador sobre isso. Ou seja, sem recursos financeiros na saúde pública não poderemos derrotar a covid-19.

Dória não se antecipou em nenhum plano de contingenciamento para enfrentar essa pandemia, mas foi o primeiro a dizer que os kits para testar a doença eram limitados.

O mesmo Dória, nessa última semana, rompeu o contrato com as empresas que fornecem merenda para as escolas, bem como, as prestadoras de serviço de motoristas de transportes escolares e as cuidadoras. Esses (as) trabalhadores (as) serão todos (as) demitidos (as) por conta dessas medidas de João Doria.

João Dória não apresentou nenhum programa de subsídio para que os (as) trabalhadores (as) desempregados (as) possam ter condições de comprar alimentos, produtos de higiene e limpeza, ou outras necessidades durante esse período em que a covid-19 vai matar.

E por último, ainda não existe nenhuma medida de urgência por parte desse governador “exemplar” para contratar, médicos (as), enfermeiras (os), técnicas (os) de enfermagem, além de pessoal de apoio, bem como insumos hospitalares e equipamentos de proteção individual para os (as) trabalhadores (as) da saúde que atenderão as vítimas dessa terrível pandemia.

As medidas de quarentena apresentada por Dória, não passam de uma farsa teatral que em nada interfere na rotina do capital, que insiste em não parar o pais, para garantir que seus lucros não sejam impactados pela pandemia, vide a empresa de telemarketing que me ligou fornecendo produtos ontem pela manhã.

Nesse péssimo ensaio teatral, se a imagem de gestor do governador almofadinha se sobrepõe a do presidente boçal, isso se dá mais pelo papel monstruoso que Bolsonaro desempenha do que pela real atuação de Dória em defesa do povo de São Paulo.

Hoje, 22 de março de 2020, mais um dia de isolamento imposto pela Covid-19.

Guida Calixto-Servidora Pública Municipal em Campinas e também Advogada

By Guida Calixto

Educadora, sindicalista e militante do PT Campinas.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Enter Captcha Here : *

Reload Image